quarta-feira, 24 de agosto de 2011

7 razões para se animar após Madri

Quem se importa se a mídia ignora a Jornada Mundial da Juventude?

OBS: este artigo é uma tradução livre deste: http://www.mercatornet.com/articles/view/7_reasons_for_good_cheer_after_madrid/

Ano passado, a essa época, a Igreja Católica estava lambendo as feridas após a maior injúria de suas relações públicas dos últimos anos. Colunistas de jornais zombavam que o escândalo causado por alguns padres pedófilos era o começo do fim. Seus seguidores estavam tão aborrecidos que dizia-se que “cancelariam seus cartões de inscrição”.

Mas se aquela pessimista leitura da borra de chá era verdadeira, como você explicaria a presença de dois milhões de jovens em Madri durante uma semana para ouvir um velho papa alemão de 83 anos? Eles estavam todos cientes dos atos vis de um punhado de padres desonestos mas isto não abalou a confiança deles na Igreja, ou em seu líder.

Então, se você é um simpatizante do Catolicismo, A Jornada Mundial da Juventude 2011 te deu abundantes razões para ter esperança. Aqui vão 7 delas.

A geração mais jovem é da Igreja

Os 2 milhões de pessoas que participaram aplicaram um esforço impressionante para salvar suas convicções. Enquanto a maioria dos peregrinos veio da Espanha e vizinhas França e Itália, haviam centenas de países como Austrália e Nova Zelândia. Cerca de 150 viera da Rússia! O sacrifício de pagar por uma longa viagem e suportar acomodações desconfortáveis mostra que eles estavam firmemente empenhados em ser parte da Igreja Católica.

Contraste isso como “World Youth Summit” organizado pelas Nações Unidas em Nova York. Reconhecidamente o Secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki Moon tem o carisma de uma alface murcha, mas este digno encontro reuniu somente algumas centenas de pessoas. De quem são as ideias que passarão para as próximas gerações?

Bento XVI está determinando a agenda moral

Semana passada o Primeiro-ministro britânico David Cameron reagiu aos tumultos em Londres e em outras grandes cidades inglesas condenando o relativismo moral: “O que a última semana mostrou é que esta neutralidade moral, seu relativismo – não irá cortar mais.”. Exatamente. Um conjunto de facas para bife, se podemos assim chamar a maior figura do primeiro mundo para martelar a “tirania do relativismo”!

Bento XVI. O Papa tornou respeitável recusar o politicamente correto que mina o esforço da moral. Obviamente os líderes mundiais estão ouvindo.

Lembra-se das palavras de Cameron em adeus ao Papa após sua visita ao Reino Unido ano passado? “Você realmente desafiou o país inteiro a parar para pensar.”, ele disse. Parece que Cameron parou para pensar. Sua resposta aos tumultos veio direto do discurso de Bento XVI.

Um tanque pilotado por um homem só que trabalha de graça

Um fascinante ensaio do New York Time da última semana pelo crítico de cinema Neal Gabler lamentou a morte do pensamento em profundidade: “estamos vivendo num crescente mundo de pós-idéia – um mundo onde grandes, instigantes ideias que não podem ser instantaneamente monetizadas são de tão pequeno valor intrínseco que poucas pessoas estão as gerando e poucos canais as estão disseminando, a Internet não obstante. Ideias ousadas estão quase fora de moda.”

Talvez em Nova Iorque, mas não em Roma. Gabler obviamente não leu muito do que Bento XVI tem escrito sobre moral, filosofia, estética, economia e responsabilidade social. Mas muito dos jovens fãs do Papa têm. Num mundo em que as ideias não brilham mais, ele explode com possibilidades. E elas são livres. Alguma aposta no que a futura geração estará pensando?

Um caminho para sair da crise financeira global

Bento chegou lá primeiro. Com a economia mundial à beira de um colapso, o povo está em busca de respostas. Certamente na raiz da crise existe algo mais que o descontrole dos níveis econômicos. Certamente a economia é sobre mais do que estatísticas e dinheiro.

Bem, isto é precisamente o que Bento (e seus predecessores) vem dizendo. Conforme ele disse a jornalistas em uma coletiva de imprensa no vôo de Roma para Madri: “[Vemos] confirmada na presente crise econômica o que já foi visto nas grandes crises precedentes: que uma dimensão ética não é algo exterior aos problemas econômicos, mas uma interior e fundamental dimensão. A economia não funciona com uma autorregulação mercantil apenas, mas precisa de uma razão ética para funcionar para o homem.”.

Uma reprovação ao sexo desumanizado e ao consumismo

A grande questão dos últimos 200 anos é: o que é a verdadeira liberdade? Fazer qualquer coisa que quiser? Ou viver de acordo com a verdade? O que a nossa sociedade oferece aos jovens é a liberdade de consumir até estourar o limite do cartão de crédito, fazer sexo quando eles quiserem e com quem quiserem, viver imperturbados em uma bolha solipsista. Mas esta visão do homem o degrada, diz Bento. A felicidade vem apenas da descoberta da verdade. Muitos jovens estão desiludidos com a cultura de South Park em que vivem e o que o Papa diz faz muito sentido para qualquer um que queira construir um mundo melhor.

“A descoberta do Deus vivo inspira os jovens e abre os seus olhos para os desafios do mundo em que vivem, com suas possibilidades e limitações. Eles vêem a superficialidade vigente, consumismo e hedonismo, a amplamente difundida banalização da sexualidade, a falta de solidariedade, a corrupção. Eles sabem que, sem Deus, seria mais difícil para encarar estes desafios e para ser verdadeiramente feliz e, assim, derramar o seu entusiasmo na obtenção de uma vida autêntica. Mas, com Deus ao lado deles, eles possuirão luz para caminhar e razão para esperar, irrestritamente perante seus mais altos ideais, o que motivará seu comprometimento generoso para construir uma sociedade onde a dignidade humana e a fraternidade sejam respeitadas.”

A verdade é mais poderosa que as estatísticas

O pronunciamento mais memorável de Bento na Espanha foi para professores universitários na jóia da arquitetura Espanhola, El Escorial. Sendo ele mesmo um professor, falou com convicção apaixonada sobre a necessidade de oferecer aos estudantes mais do que o treinamento acerca das porcas e parafusos do trabalho profissional. “Como Platão disse: ‘Busque a verdade enquanto for jovem, pois se não o fizer, ela escapará ao seu alcance’. Esta aspiração sublime é o presente mais valioso que vocês podem dar aos seus alunos, pessoalmente e pelo exemplo. É mais importante do que o mero conhecimento técnico ou pura e friamente dados funcionais.

Universidades, disse ele, não deve ser um santuário de ideologia ou “uma pura e utilitarista concepção econômica que veria o homem como simplesmente um consumidor”. O que poderia ser mais atrativo para o jovem do que buscar o significado último do universo e empenhar-se em compreender o que significa ser autenticamente humano? Se há uma idéia ultrapassada, é o utilitarismo. E Bento oferece uma alternativa.

A Jornada Mundial da Juventude ainda é o segredo mais bem guardado do mundo

Um jornalista amigo meu escreveu um artigo de opinião para um jornal em Sidney. Mas o editor não estava interessado. “Tivemos um deste em Sidney ano passado. Já preenchemos a nossa cota.”, disseram a ele. O New York Times – a referência da opinião intelectual nos EUA – mal comentou a JMJ.

Realmente, isto é peculiar – uma reunião de 2 milhões de jovens não é notícia, especialmente depois que algumas centenas da mesma idade arruinaram Londres? Não há ninguém por aí que possa ligar os pontos?

Mas por que reclamar? A mídia e os intelectuais são bons com espuma e bolhas, mas péssimos com correntes profundas. Por acaso eles previram a ascensão do Islâ militante, a desintegração da União Soviética, o zumbido da Bomba Populacional ou a Crise Financeira Global?

As grandes histórias são as secretas. Bento XVI sabe disso. Como ele disse aos jornalistas, “O semear de Deus é sempre silencioso; não aparece nas estatísticas, e a semente de Deus plantada na JMJ é como a semente de que fala o Evangelho: parte cai à beira da estrada e é perdida; parte cai em meio às pedras e é perdida; parte cai entre os espinhos e é perdida; mas uma parte na terra boa e dá muitos frutos.”

Despercebidos pela mídia, 2 milhões de jovens embarcaram numa jornada que levará muitos deles a infundir suas terras natais com suas profundas crenças Cristãs.Lentamente o mundo mudará. Daqui a trinta anos terá uma baita surpresa.

Michael Cook é editor do MercatorNet.

fonte:

O Legado d'O Andarilho